O (mau) exemplo……




Vivemos num tempo em que é comum falar-se de Competência, ou falta dela, e de índices de produtividade. Podemos dizer que estes dois termos estão relacionados entre si. De uma forma simplificada, pode-se dizer que os índices de produtividade serão maiores, quanto mais competência(s) houver, numa determinada área. Ora, Portugal, apresenta, segundo dados à escala Europeia, um dos mais baixos índices de produtividade. E a culpa de quem é? É sempre mais fácil apontar o dedo ao “elo mais fraco” da cadeia. Daí que exista a tentação de coloca o ónus da culpa nos trabalhadores em geral e não em quem administra ou gere. Mas facilmente se consegue desmontar esta ideia. O Luxemburgo apresenta um dos índices de produtividade mais altos e no entanto a sua força produtiva é em grande parte constituída por cidadãos Portugueses. Quero com isto chegar à conclusão que, muitas vezes, quem gere e administra, refugia-se no mito do baixo índice de produtividade dos trabalhadores e em conjecturas internacionais, para esconder a sua própria incompetência e fugir ás suas responsabilidades. E o exemplo que hoje aqui trago, coloca-se na mais elevada hierarquia do País e é bem ilustrativo do que acabo de dizer.


Nos últimos tempos, temos vindo a assistir a um período especialmente delicado e conturbado no sector da Educação. Professores versus Ministra da educação. Não vamos aqui dissecar toda a problemática da Avaliação dos Professores. Penso que num ponto todos estamos de acordo, os professores tem de ser avaliados. No entanto, esse processo deve ser revestido de alguma razoabilidade. Estou de acordo com os professores porque o processo proposto pelo governo é demasiado complexo e burocrático o que só prejudica os alunos, uma vez que os professores tem que dispensar uma grande parte do seu tempo ao processo de avaliação em detrimento da sua principal função que é dar aulas. Por outro lado a estipulação de quotas, desvirtua todo o processo, sabendo-se que nem todos os professores meritórios, vão poder receber a justa avaliação. O objectivo do governo não é uma avaliação justa, mas sim limitar a progressão na carreira e poupar alguns milhões para gastar sabe-se lá onde.


Apesar de toda a contestação, este braço de ferro está viciado. É que se de um lado temos alguns milhares de professores, do outro temos um governo de maioria absoluta. Como alguém diria “Isto é uma democracia, mas quem manda sou eu!!” Mas eis que surge uma luz ao fundo do túnel. Uma das forças partidárias representadas na Assembleia da Republica, o CDS-PP, apresenta uma proposta que visa a suspensão do processo de Avaliação dos Professores e muito provavelmente a queda da Ministra da Educação. Estão reunidas todas as condições. Está criado um espaço na lei, que permite avançar. É um momento chave da nossa Democracia. A maioria absoluta sairá vergada. É o momento em que toda a oposição tem de estar unida. Na contagem final dos votos a proposta é …….. CHUMBADA??? A proposta não passa por trinta votos. Trinta deputados do PSD faltaram à votação. A montanha pariu um rato!!


Será que alguém tem noção do que acabara de se passar na Casa da Democracia? Trinta deputados que foram eleitos e que são pagos para estarem na Assembleia da República, faltaram e ninguém sabe dizer porquê. Mais grave, os nomes desses deputados estavam no livro de presenças desse dia. Mais grave, defraudaram as expectativas de toda uma classe de profissionais. Mais grave, condicionaram todo um processo Democrático. Isto é grave meus amigos, muito grave. Que lindo exemplo de competência e de produtividade, foi dado ao país, vindo da mais alta hierarquia. Isto tem um nome: -Incompetência.


Estou á vontade para falar, porque nunca me rendi a ideologias politicas. Isso das ideologias, é muito bonito nos livros. Na vida real a politica é feita e condicionada por homens. Alguém acha que a ideologia deste governo é Socialista? O partido até mudou o símbolo do punho fechado, para uma rosa. A ter que levantar uma bandeira e a segui-la cegamente, só se for a bandeira do Benfica. Na política, nunca deixarei que escolham por mim, mas não o farei de forma cega. Não é o Partido que interessa, mas sim os homens que os lideram.


In JN: http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Nacional/Interior.aspx?content_id=1054910

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Portugal na rota das redes de tráfico humano (imigração)

Basta de Fartar Vilanagem

Tratado de Lisboa